Clamor ao Concierge

Que vá que já não me dão ouvidos

Vim dizer a quaisquer dos esquecidos

Que, não tão raro, estou todo alto,

No mundo subido, e capciosamente alado

Desejas meu fogo, se acaso quisto,

Tão entumecido que mal retenido?

Sobe a mim então com toda a vontade,

Mas mantém o malefício e a desumanidade

Beberás, assim, comigo, todo o álcool querido

E todo o comprazimento represado,

Em uma vida inteira de modo desferido,

Aquém e a quem quiser ter do meu espírito extrusado

Sobretudo, ah, prepara teu enxurro e tua gavota,

Não são nada diurnos os meus motivos ostinatos

Quem dirá crassa minha lira caúna

Ou sincopada minha fala fortuna

A mim inda virão os enfermiços potentados,

Sob o caso único dum desígnio quebrantado

Ou serão somente vozes que em mim persistem

Ou senão atrozes fantasmas que me encistem

Serás tu, bom destino, quem em minha franzina porta bate?

Serás tu, meu arietino, ou tua condição crês que enganaste?

H Reis
Enviado por H Reis em 20/12/2019
Reeditado em 13/02/2020
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