O tempo nosso de cada dia nos dai hoje!

Ó morte a que sem piedade a todos se achega!

A se aproximar sem ser convidada, pelo que não s'é amada!

Mas, não a seria, pois aquela a arrancar-nos

[definitivamente de nosso exílio... de nossa miséria?

Todavia, fechamos nossos braços d'ante então seus abraços

Pelo que preferimos vagar nesta terra a beber o cálice d'amargura

Ou a se ouvir o cântico do pranto de nossos gemidos...!

E, assim, eis qu'eu pergunto a cada'um neste mundo:

Se a vida lhe outorgasse...

Ah! Se a vida lhe outorgasse...!

Somente para ti, a eternidade... no tempo... e para mais ninguém

(E não é o que mais aqui quererias?)

E então, folgarias, quem sabe, ao ver todos os que amastes partirem...?

(Por mortais que seriam!)

Ah! Decerto que folgarias, a que nenhuma dúvida s'haveria!

Pelo que os egoístas tanto ambicionam o eterno tempo

E os egoístas... a ninguém amam

Somente dos outros... usam!

E então! Para que queres, pois em tal grau a eternidade?

Para continuar a viver do mesmo jeito que vives?

Para assim viveres... para sempre?

Que absurdo!

Ai, meu Deus! Ai, meu Deus!

"Quantos dias restarão ao este vosso pobre servo?"

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17 de dezembro de 2019

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 17/12/2019
Reeditado em 17/12/2019
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