O tempo nosso de cada dia nos dai hoje!
Ó morte a que sem piedade a todos se achega!
A se aproximar sem ser convidada, pelo que não s'é amada!
Mas, não a seria, pois aquela a arrancar-nos
[definitivamente de nosso exílio... de nossa miséria?
Todavia, fechamos nossos braços d'ante então seus abraços
Pelo que preferimos vagar nesta terra a beber o cálice d'amargura
Ou a se ouvir o cântico do pranto de nossos gemidos...!
E, assim, eis qu'eu pergunto a cada'um neste mundo:
Se a vida lhe outorgasse...
Ah! Se a vida lhe outorgasse...!
Somente para ti, a eternidade... no tempo... e para mais ninguém
(E não é o que mais aqui quererias?)
E então, folgarias, quem sabe, ao ver todos os que amastes partirem...?
(Por mortais que seriam!)
Ah! Decerto que folgarias, a que nenhuma dúvida s'haveria!
Pelo que os egoístas tanto ambicionam o eterno tempo
E os egoístas... a ninguém amam
Somente dos outros... usam!
E então! Para que queres, pois em tal grau a eternidade?
Para continuar a viver do mesmo jeito que vives?
Para assim viveres... para sempre?
Que absurdo!
Ai, meu Deus! Ai, meu Deus!
"Quantos dias restarão ao este vosso pobre servo?"
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17 de dezembro de 2019