Anseio Incólume.
Distância que me aproxima,
Olhar que me cega,
Cheiro que me faz um ébrio,
Tua voz: eufonia, que me faz calar.
Pele que me traz o vício,
Lábios que espalham o sorriso,
Língua que me atrai e me expele
Do paraíso que desejo,
Do qual, nem um pouco, sou contrito.
Quem me dera tomar-te em meus braços,
Como quem toma de assalto
Um segundo que rápido se esvai.
Faço dele o meu gozo eterno,
Guardo-o sempre no meu mundo,
O sonho de te sonhar.
Vem sorrir...
Alimenta, de longe, o meu desejo,
Quero-te perto e anseio,
Teu caule, com esmero, explorar.
Tal como se tocam pétalas de rosas,
Desejo tocar tua pele,
Sentir teu cheiro,
Olhar teu corpo inteiro, nele me viciar.
Oh! Meu desejo, anseio e sonho,
Sofro pela ausência que me consome,
Linda bela fera que de longe,
Responde-me com um gesto de adeus.
Deixa-me viver em teus braços,
Sem o adeus que me deflagras,
Não me deixes viver só,
Sem teus olhos sobre mim,
Pois que, me afagam.
A distância que me afasta de ti,
É a mesma que me aproxima,
Exarar, entrelinhas:
Torno-me teu e tu te tornas minha.
Quem me dera poder voltar o tempo,
Fazer da distância, o inexistente,
Lançar mão deste meu anseio,
Fazer-te minha, em pele quente.
Hoje, estou só, em pele fria,
Ao lado de muitas dores,
Um ébrio viciado em tua pele morna: minha,
Desejando sempre teu sorriso,
Teu mel em meu vinagre: anestesia.
Vire a ampola do tempo,
Retroaja a meu favor,
Não me deixes sem teu toque, sem tua pele,
Não me excluas e não me apagues...
Quero ser teu quando me quiseres,
Ser teu escravo, serviçal,
Ser teu amo, teu mordomo,
Fazer-te sempre Madrigal.
Em um gesto, peço: beije-me!
Com as mãos, sussurro: abrace-me!
Com os olhos, digo: fica!
Com a boca, não se afaste!
Em versos limitados, entrelinhas,
Grito com a voz abafada pelo desejo:
Quero-te, hoje, ao meu lado, minha musa,
És meu doce, meu prazer e meu presente...
C.J.Maciel
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