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Da paixão apimentada provei o ardor do desejo proibido, que levita suspiro de um vinho vagabundo, depois de cinco canecas plásticas. Entre pulgas e percevejos, ácaros e poeira acumulada, satisfiz o vício da carne estragada. Quando recobrei o sentido, vi que o amor estava em perigo, foi contaminado pela raiva. Logo ele, que é o autorretrato de Deus; que a tudo suporta; agiu feito menino birrento. Desceu do salto, engoliu o vento e bateu na cara pálida de um par de olhos dengosos; que ele é o caminho da relação; não atalho para uma conexão rápida, tipo internet de comunidade. O amor descreveu-se como a antítese da paixão, e que não busca debaixo dos lençóis de poliéster, a pele suave de um pêssego atemporal. Inconformado com a traição sentiu náusea do perfume barato; vomitou a efemeridade da vida, assim como um animal no cio. E, regozijou de prazer em desfazer-se da imagem de santo. Chorou pitangas e lambeu o jiló do pranto. O amor, finalmente, libertou a voz-ausente das suas infinitas formas sinuosas; disse que os seus sentimentos não têm asas, além de muros e cadeados. Mas como o amor é perdão, abusou das prerrogativas pessoais. Passado o destempero, deu leveza à consciência, e como formiga perdida foi reconstruir o seu ninho, dessa vez, em outro coração.