"fazendo o que deve ser feito"

sinto meu corpo completamente dormente, e uma vontade gritante de chorar.

sabe quando a garganta dói, os olhos ardem e o corpo se prepara para as lágrimas, mas é como se tudo estivesse seco por dentro? como se já não houvesse mais lágrimas disponíveis no seu organismo e ai você sente aquela dor arrebaçadora. e as pessoas falam que é bom incluir coisas na rotina e continuar fazendo o que deve ser feito.

"fazendo o que deve ser feito"

sinto que tudo é de certa forma em vão, sinto que respirar as vezes é em vão, mas que o suicídio também é.

de fato não compreendo o motivo de nada disso, e sei também que se alguém for ler isso vai pensar "mas não precisamos de motivo pra tudo". contudo pra mim não ter um motivo grande o suficiente faz eu sentir o corpo pesar, e uma vontade enorme de flertar com o abismo.

minha mente fica voltando nas palavras daquele enfermeiro na madrugada. talvez ele tenha razão e de fato sou uma grande covarde e egoísta por querer desistir, mas também não vejo motivos para um julgamento tão bruto com alguém que desistiu de respirar.

meus textos não são mais sólidos, não me agradam como antes. minha arte não é mais abstrata, nem sólida, é como se a minha arte e escrita fosse como eu. um grande vazio de várias coisas e vários nadas.

estou cansada de continuar tentando, mas também estou cansada de querer desistir.

sigo tentando achar a resposta de algo.

são 19:44 e minha garganta dói querendo chorar, porém sigo lendo sobre carpelos, e a tal síndrome da polinização.

caroltell
Enviado por caroltell em 08/12/2019
Código do texto: T6814207
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