Pintado/Azul
Hoje quando saí do quarto e fui à varanda, vi que todo o ambiente estava claro. Não passava das oito da manhã e, mesmo tendo chovido metade do dia de ontem e a noite toda, tudo estava lindo, claro, cheiroso.
Pelas goiabeiras do meu quintal cantavam tantos pássaros, mas tantos pássaros que nem consegui identificar [metade]. Tinha uma nuvem aqui, outra acolá e aquele fundo que salta; foi então que conclui: o azul daqui é mais bonito. Ponto final, está decidido, não há o que me convença do contrário! O azul daqui é de fato o mais bonito. Quem discorda é porque não viu.
O céu aqui é um azul todo recheado daquele sabor que só tem na casa de [a]vó; é um azul que a gente tem por dentro quando é aniversário. Esse azul daqui é um azul que não conhece faltas: sempre tem ave cortando o vento, tem nuvem tapando o sol, tem estrela, tem lua, tem chuva.... Tem até nós, que aqui de baixo admiramos tudo isso, sem nem desejar um nada diferente. “Tá perfeito!”, meu [a]vô sempre diz.
O azul daqui é o mais bonito, porque ele nunca vai ser cor de tinta, pois ele só existe aqui. Pode dizer que é o mesmo céu, que é o mesmo deus, as mesmas energias... Pode até dizer que é o mesmo fenômeno de reflexão atmosférica nos gases. O azul daqui ainda assim é diferente, ele é mais bonito!