"LOUCA REALIDADE"

"Animadamente, estendi as mãos para os céus, acreditando em abstratas imagens desenhadas pela névoa. Mãos abertas, dedos retesados como a segurar fortemente num arrimo invisível, talvez um cordão de luz que me erguesse até as estrelas, fazendo-me viajar por entre nuvens e anjos de asas brancas.

Saudei a tarde que se despedia do sol com suaves dourados. Abracei o nada com desvairado desejo de segurar diáfanas criaturas que não vemos, mas existem a nos vigiar.

A esperança renasceu em mim como sementes a germinar nas entranhas da terra. Ouso sonhar absurdos, sei de mim mágoas e lágrimas, mas afasto-as com determinação. Não aceito mais derrotas e desvio da tristeza, faço renascer as forças da fera protegendo a prole, sinto-me invencível, bafejada pelo vento terno e carinhoso que traz até mim perfumes de jasmins.

Deixo encravar as unhas no tronco de uma árvore adormecida. A energia da seiva percorre minha mão ardendo-a, como se espinhos a tivessem ferido, isso traz renovação. Sinto-me viva.

Desnudo o corpo e a alma, repouso na grama orvalhada, abro os braços para o infinito, renasci, sou natureza, com ela adormeço minha realidade...

04/10/07 *Marilda*

Marilda Lavienrose
Enviado por Marilda Lavienrose em 04/10/2007
Reeditado em 01/12/2019
Código do texto: T680858
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