Soturno
Quantos bilhetes já não escrevi para quando me acharem morto
Quantas vezes já não suspendi meu corpo
Quantos não foram os dedos, os rostos e os juízes do agouro
Quantas imagens em deboche e sangue espelhando meu contorno
Quais levantam lá e tão altos velhos corvos
Que me vociferam e me devoram abutres os ossos
Quando não me falou a voz da verdade
Com toda a maldade e intransigência de seu ataque
Quando não me arrastou o bruto oceano
Com a vontade de mil raivosos anos
Quem ouviu de mim algo que não uivo
Senão o silêncio que faço nos momentos mais turvos
Quem disse meu nome que não em anátema
Senão amaldiçoando a golpes, mazela e enfisema
Revolverei hoje, mais uma vez, no desespero
Ou sobrecairá um raio derradeiro
Converterei a lâmina em contravida
Ou contraída e contínua mais uma vez estará minha sina