Canção de Calor
Abro toda porta, toda janela
Toda folha com tramela
Subo ávido as paredes
Pingo dos tetos nas sedes
Esfrio-me aos pisos
Escorro e tombo escadas
Afiguro-me de lados lisos
Achincalho logo em escaras
Bem, suo de sair
Olho dentreolhos
Roubo do ar
Evaporo nos óleos
Sou bem de ficar
Errar com o intuito todo de errar
Andar dos pés e vir a par
Cantar, assoviar de gabar
Dormir sem acautela
Estremecer
Derreter
Fechar toda porta, toda janela