Bendito mantra
Já não esbravejo ou blasfemo contra o que não controlo.
Cantarolo e ando.
Corro. Paro. Caminho. Contemplo o caminho.
Faço suposições, alucino, tiro conclusões.
Não! Não é esse o caminho.
Volto. Recomeço. Começo. Invento.
Visualizo e reinvento a estrada.
Conto passos, histórias. Me declaro amor.
Corro contra o vento, contra o tempo
contra o medo de ser só.
Vejo o sol no reflexo da lua, fico nua,
me banho de flores, sem dores, medito.
Bendito mantra, bendito o ventre que me gerou.
Bendita eu e que seja bem vinda toda forma de gratidão.
Sinto-a muito e sinto muito por toda vez que fui incapaz de sentir.
Me perdoe, me perdoo por ser estrada sem rota, saída sem porta, contradição.
Eu te amo e eu me amo por ser livre, leve e solta.
Sem amarra, sem agarra, presa por querer.
Solta que vem, toda bênção, todo bem, solta que vem.
O dia vai e sou grata pelo presente,
daqui a pouco é ontem por isso vivo e amo.
Cantarolo e ando devagar por que já corri demais.