A Saga Nordestina - Retórica I e II

APRESENTACÃO

Esta obra visa inicialmente retratar o quadro caótico em que uma vasta população brasileira, sobretudo a nordestina tem enfrentado no decorrer de muitas décadas: secas e misérias constantes, no qual têm vitimado milhares de pessoas dentre os quais: crianças, mulheres, idosos e homens. Pelo fato, de haver uma enorme carência de políticas públicas voltadas para a resolução dos variáveis agravantes que assolam o povo nordestino que tem buscado melhoria de vida nas cidades mais desenvolvidas industrialmente do país.

O personagem Zé do Nordeste, mais versado simplesmente como o Nordestino, que é protagonizado pelo autor é, realmente, um arquétipo notável de todas as calamidades que ocorrem com o homem do campo que não tem nenhum incentivo no sentido de ao menos sobreviver dignamente; já que não se percebe condições geográficas compatíveis com as necessidades humanas por ser irregular na sua plenitude geomorfológica, a priori faltam medidas governamentais na esfera socioeconômica.

Juntamente com a sua família: dois filhos e mulher, o nordestino tem repentinamente um fim fúnebre, no qual é perifraseado de maneira que mostra o que acontece de fato com muitos viventes do sertão. Geralmente, o povo nordestino apenas têm reverberado tanto na literatura artística bem como historicamente: uma dramaticidade pela questão de morrerem de fome, sem subsídios do Estado a fim de desenvolver a agricultura familiar. A precipual variável disto é a necessidade sistemática de investimentos hídricos que são muitas vezes insuficientes ou inexistentes. É imprescindível, portanto, que haja mobilização nesse sentido para que haja efetivamente mudanças significativas.

A narrativa poética é focalizada no intuito de demonstrar, que é possível no final das contas ver as coisas em outro ângulo.Conceber que a vida é meramente uma passagem momentânea que devemos fazer tudo ao nosso alcance para conquistarmos a felicidade plena. Fica evidenciado que se pode tomar outra saída e fugir da condição mórbido de estagnação financeira e vegetativa. Para tanto, é fundamental, que se tome uma decisão para fazer à diferença. Percebe-se que tal família só compreendeu o plano da vida depois que estavam à beira do desfalecimento orgânico.

“Na vida sempre há alguns caminhos, mas só um deles é o que sem dúvida devemos seguir, o difícil mesmo é ter a inteligência suficiente para encontrar essa procuradíssima porta para a eternidade da felicidade humana à guisa do universo”.

O DIA-A-DIA NO SERTÃO I

Meu nome é Zé do Nordeste,

Porque vivo neste sertão,

As pessoas mais próximas,

Chamam-me de “nordestino”,

A risco minha vida a fio nesse lugar.

A cada dia que se passa,

Pioram-se as condições de sobrevivência,

A minha família: filhos e mulher,

Que na peleja sofremos calados,

Em tentar tirar desse chão árido o sustento.

Adormecemos em lágrimas,

E acordamos em pranto de fome,

Pois o fruto desta terra já murchou,

Os bichos vão se movendo um-a-um,

Visto que água, que é bem precioso está escassa.

Vamos até o mato procurar algo,

Mas tudo está rápido desverdeando,

A lavoura que tínhamos está nas últimas,

Nem mais se tem para colocar na boca,

Estamos condenados aqui neste lugar.

Não tenho esperança de sair daqui,

E achar melhoras em outro canto,

Por isso, despeço-me de vossas senhorias,

A partir daqui, o poeta em seus versos,

Declamará o meu destino e de minha família.

*Peleja: luta, ação e batalha.

O SACRIFÍCIO EM VIVER II

Que vida sacrificada!

Está agüentando esta gente,

Que vive de pau-a-pique,

No Sertão de lamuriosas perdas,

Vai em frente, ó nordestino.

Vivendo nas secas do Sertão,

Ó Nordestino!

Comendo xiquexique para escapar,

Pois, a água onde mora o sol arraigou,

E tão cedo não voltará.

Ó homem trabalhador!

Contudo, sua lavoura secou,

O milho não ringiu,

O feijão encruou,

O arroz não floriu...!

Seu corpo está franzino!

Lúgubre e fatigado devido à fome... À sede...

À carência de meios para resistir,

Em tuas costas tira o tronco seco,

De sua deplorável miséria.

Seu olhar é sofrido... Cansado,

De ver o seu gado morrer faminto,

As ossadas deles; tempo depois posso ver daqui,

Carcaças revestidas do preto que voa,

Devorando o resto que ainda se tem nelas.

*Lamuriosa: lamento, choro e pranto.

*Franzino: porte magríssimo, magricelo.

*Lúgubre: funesto, fúnebre e melancólico.

Obs: Aguardem as próximas versificações...Atenciosamente

O Autor

Jeimes Paiva
Enviado por Jeimes Paiva em 04/10/2007
Reeditado em 04/10/2007
Código do texto: T680291
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