Em instantes

Criei um hábito insustentável de fumar antes de finalmente dormir.

Sempre, antes das 1h da manhã, meu peito se punge, meus olhos grandes cegam o tédio e o ócio. Tudo em mim deriva de mim, e das lembranças horríveis e agradáveis. Meu pobre beijo esquecido, meus pulmões exclamados em poesia e tabaco. Já não sofro, já não calo... mesmo que em mim haja apenas silêncio.

Se eu disser que eu não morro a cada passo, e que a cada letra do discurso que faço não me dá pena ver as cinzas consumirem meu cigarro, eu não seria uma figura de riso e de melancolia rasa.

Dei uma pausa. Fumei, suspirei.

Não posso mais chorar, não posso mais reclamar teu nome para mim, ou para teus inimigos. Sou todo o sol, e no entando me noturno feito fim.

Eu fumo no banheiro, minha mãe odeia o cheiro (como todos os não fumantes odeiam) da fumaça do cigarro.

Amigo, é extamente 1h02 da manhã. Não tenho atrito, não tenho filtros que escondam meu desânimo e meu apetite voraz por coisas findas.

Pronto, o cigarro apagou... se foi um minuto de meu relógio, e o instante acabou.