Nem pagando - BVIW

Quando te despistes, o teu rosto reluzia o mar-vermelho de rubor, e tuas mãos branca como a neve, fria e vazia, empalidecia. E na mesma hora, um fogo escarlate moveu todos os meus sentidos, e como anjo caído; fiquei a penar. Estava sedento pelos teus beijos, e a tua boca carnuda abriu levemente um sorriso, na intenção de provocar. Nessa hora, já faltava-me o ar; meus olhos pedintes de atenção, percorria teu corpo-violão sem ao menos tocar-te. Suspirei de alegria, pois a minha fantasia era uma dia pertencer-te. Ah, musa das minhas paixões! Se você soubesse o quanto esperei e sonhei; e que meu elétrico coração pulsa de emoção! Não agiria assim, rindo de mim; nem fingiria que guardou a sua pureza, pois a tua fama não está mais na beleza. O tempo rouba-a de ti. O que encanta-me é esse teu poder de She-ra, que emite raios de sedução, e como esqueleto permaneço ósseo, até você queimar o que sobrou de mim. E vendo tudo isso, não tenho coragem de aproximar-me; pode chamar-me de cabra frouxo, pois tocar-te é um pecado capital. Não queria desse jeito, achando-me um capitalista selvagem, e senhor do dinheiro. Não, que não valha cada centavo, mas lembrei-me da música de Caetano Veloso, vaca profana.

Jaciara Dias
Enviado por Jaciara Dias em 13/11/2019
Código do texto: T6793990
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