"OI JANE"

Eu poderia conhecer você simplesmente por dizer "oi". Poderia clamar por sua simpatia e seu modo mais intenso de responder a vida, chegando a ver você no seu mais profundo Eu. Seria um vale estreito, regado por chuvas e tempestades, talvez pedras e espinhos encontraria. Mas como ja te vi flor, a natureza perdoaria meus tropeços, chegaria o momento em que a terra seria plena aos meus passos e seu sorriso desabrochava. Nesse tempo o acaso voaria pra longe, na certeza de que a curiosidade selasse nossas convicções.

Enfim. Nosso encontro seria muito mais do que a gente espera, pois segurar o tempo, reprimir sentimentos, precaver momentos... Não seriam o nosso forte. Seria mais por vontade, algo que perdi a um tempo. Falo daquela vontade ingênua, despida de pretensões e manipulações, aquela vontade de conhecer mesmo, de anseiar por suas visões, medos e sonhos. Um jeito de espereitar seu mundo sem a intenção de invadir.

Seria nesse tempo, em que nem a velocidade nos venceria, correriamos mesmo bem devagar e na medida das estações, sendo apenas um só, do outono ao inverno, do inverno ao verão, seriamos chuva, sol e frio nesses tempos pontosos, tempos que tornariam nossa mágica real e firme, sobreviventes em um céu paralelo, lá onde o amor é nostálgico.

Falo de um trecho onde gente entende gente, amor entende amor, paixão com paixão e ódio entende ódio, num tempo que casais casaram e amores amaram.

lá, onde pessoas beiravam pelo mundo sem que as aparências os deixasse cegos e surdos. Seria tão fácil de sermos nós numa outra vida. Seríamos nós conversando sem que os estereótipos e suposições atrapalhassem, mas fadaram-nos a padrões em tudo que é estar em contato um com outro.

Mas ainda assim eu espero, pois talvez um dia aconteça.

Talvez é nesse dia em que eu chego no seu banco, sentar com você no ultimo lugar do ônibus e dar sentido a esse "oi".