Cheio

Estou cheio. Não de saco cheio, nem cheio de amor ou ódio. Estou simplesmente cheio de estar vazio.

Não quero mais não saber o que fazer, onde fazer, como falar, com o que sonhar, com quem sonhar, quando tomar alguma atitude ou não a tomar. Mas o que eu mais quero é parar de não me importar por não saber essas coisas.

Não quero mais ser vazio. Quero me encher de algo real, como o amor, a felicidade ou até mesmo a raiva. Quero ter sentimentos para enfim deixar de ser um monstro de Notre-Dame ambulante que não assusta ninguém a não ser a mim mesmo.

Por muito tempo perguntei o que há de errado comigo, a resposta nunca veio, então parei de perguntar. Por muito tempo também tentei me consertar. Fiquei me analisando durante longos períodos, não desisti e nem desistirei, porém não encontrei a solução.

Não culpei a deus nem ao diabo, pelo contrário, sempre procurei o apoio deles, a melhor proposta ganhava. Mas sempre fui eu que apresentava as propostas e ambos me ignoravam, afinal não era um bom cristão e muito menos um bom (ou mau) satanista. Descobri, nesse dia, que era vazio de crença também.

Sei, agora, que caminharei sozinho para tentar descobrir, durante toda a minha vida, como esvaziar minha vazies interna e enfim me encher de algo que não sei se é bom.