Outono
Descansava à toa, sentado no banco de uma praça
Admirando uma folha seca, do formato de um familiar não sei dizer
Enquanto deixava-me levar por inquietantes divagações
Inutilidades fundamentais ao momento
A quem encanta o outono?
Esse oportuno intruso
Nem tão vivo quanto o verão
Nem tão belo quanto a primavera
Nem tão acolhedor quanto o inverno
Talvez faltasse a vitalidade dos intrépidos aventureiros
Ou a leveza das encantadoras paisagens naturais
Ou quiçá o frenesi dos casais apaixonados
De repente, como em um súbito e sublime sopro de vento
O questionamento cedeu a contemplação
E então percebi, enfim percebi
Talvez faltem só olhos atentos
E assim, imerso nessa plenitude
Me dei conta que o outono era minha estação favorita
Apenas por ser indispensável
E inconfundível
Como uma poesia à toa, no banco de uma praça