O Vento da Madrugada
“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.”
Fernando Pessoa
Acordei com o vento que soprava forte. Olho o relógio: são 3:30hs da madrugada; sinto o prenúncio de chuva forte, levanto e checo as janelas.
Perdi o sono, então, como de hábito, me sento na poltrona da sala, com a intensão de ver tv, ler ou meditar até que o sono retorne; mas desta vez foi diferente.
Acomodado, prestei atenção exclusivamente no vento, abstraindo os demais ruídos da ocasião e, ouvindo-o com atenção observei que ele zunia por entre as frestas produzindo um som harmonioso que me recordava alguma coisa. Redobrei a atenção e percebi que o vento assobiava a música que elegemos como “nossa” e por entre os versos, sem perder o compasso, ainda me sussurrava seu nome.
Extasiado, adormeci sorrindo.