CAI A MADRUGADA

       3 de novembro de 2018 às 01:39 - LEMBRANÇAS  DO  FACE -


Cai a madrugada.
De mansinho, morna e cheirosa.
Sim ! Apesar  das incertezas, ainda brotam lírios ao redor do muro.
Um grilo ,carente, tenta estraçalhar o que minha finada avó diria: "As horas mortas".
Porque não te calas, grilo infeliz ?
Simon & Garfunkel no meu áudio falam - me de uma ponte sobre águas turbulentas e você, entouseirado, estás me deixando grilado.
Perco-me em divagações ouvindo uma das mais belas canções de todos os tempos.
Penso também em ti - grilo escandaloso - no "porquê" desta insistência.
Aquiete-se ! Aspire o cheiro dos lírios, sonhe com tua parceira.
[ Adormeça ]
Pela janela espio o "la fora".
Um anêmico facho de luz escorre da luminária.
[ Nenhum boêmio cerzindo a madrugada morna e cheirosa]
Numa nesga de luz, um sapo , tão anônimo quanto eu, cruza
desengonçado a solidão quase negra do asfalto.
Vou dormir...
É melhor assim.


Joel  Gomes Teixeira