E o navio vai...
E na imensidão desse mar em que se perdeu, se encontra também a esperança que é o movimento do tempo. Uma espécie de jangadeiro.
Quando ainda podia avistá-los, mesmo ao longe, permanecia o calor que minha alma alimentava de gratidão e contentamento.
Por vezes, o equívoco foi parceiro nas indecisões e imperfeições.
Muito mais havia a ser feito... Senti!
Quantas noites perdidas em rancores sem razão que eram libertos em palavras pouco dóceis; em reações que abalavam o mar e agitavam as tempestades; em tristes e dolorosos pensamentos de desamor e em porções de dor que eram profundas mas sem nexo de causa.
A proximidade com nossos corações e sentimentos, nos induzem à comodidade da impropriedade de crer na eternidade do corpo que nos reveste.
E o navio vai se desfazendo e nem nos damos conta.
Uma parada para a manutenção da área de controle e nem percebemos que nada controlamos;
um motor cujos óleos e escapamentos vazam e avisam que é hora de trocar a nossa engrenagem e nem percebemos que muitos de nossos órgãos não existem mais.
O navio que sempre era visto no cais, parte e vagarosamente o vemos ser levado mar afora.
Alguns dias com movimento mais acelerado, outros dias menos. Mas a distância cresce e assim, ao longe, acenamos na esperança de uma resposta, até que, enfim, o mar o leva e já não mais o podemos avistar e o retorno é um mistério incerto.
E no centro do cais, olhamos para o infinito, na esperança de que algum dia, em algum lugar, vamos nos reencontrar...
(Impossibilitada de digitar contei com a ajuda de uma amiga Rê!)