Confuso e Liberto

Eu acabara de presenciar o que de certa forma fora uma epifania.

Epifania essa que surgiu em um momento bem oportuno de letargia

diante do mundo 2D que me cercava.

Meus sentimentos foram aflorados como pétalas de uma flor tímida

que estavam vendo o sol pela primeira vez.

O fundo musical que me cercava era um folk calmo

que falava sobre a perda e a tristeza de caminhar sozinho depois de deixar quem ama.

Não havia medo, apenas um suspirar aliviado e orvalhos nos olhos.

O céu estava lindo, e seu brilho estava dando lugar à noite reconfortante.

As nuvens que futuramente tomariam forma, reluziam e refletiam a luz como nada antes visto.

O gotejar de cores feito pela natureza naquela tarde tinha sido perfeito.

Não havia dor, só um coração quente e olhos molhados de perda.

A atmosfera que me envolvia confortavelmente

era como uma bolha morna de sentimentos indecisos e com cores claras.

O refrão tocava minha pele enquanto eu caminhava sozinho.

As mãos frias se encolhiam nos bolsos e meus cabelos sentiam o vento aninha-los.

Era quente.

Não havia vergonha, só conforto.

Parecia não pertencer mais ao mundo sensível,

parecia flutuar, sem querer voltar a superfície.

Era conchegante.

Hoje chorei por uma perda.

Uma perda que nem ao menos aconteceu.

Voltei para casa,

protegido, renovado e com uma visão diferente de como eu me sentia.

~ELE