RUA DA LUA

Numa dessas noites...
Onde só há silêncio...
Onde, se ouve apenas,
o cantar distante dos grilos falantes...
vez em quando, o chirriar das corujas...
ou o silêncio pensante dos notívagos...
e os passos dos caminheiros errantes...
ou a inspiração dos viajores das estrelas...
ou, ate mesmo, dos pensadores,
filósofos dos primeiros erros...
em busca de seus brilhos derradeiros...
Ou talvez, dos distraídos,
pelo breve luzir das iluminadas
telas de TV,
ou pelo perdido tempo
em busca do ouro de tolos...
ou até, quem sabe,
das buscas atrás das teorias...
dos sonhadores...
quiçá, das descobertas
dos novos alquimistas...
haja vista...
Descobrem como eu, você e todos...
boquiabertos... que é verdade,
o que Lavoisier já dizia:
“Na natureza nada se cria.’’
Apenas na rua da lua...
sozinho... ao meio da rua...
bem tarde... no silêncio,
no momento... lento...
quase ‘osmótico’; fita-se
a dona lua, totalmente luzente,
quase em zênite...
Pairando à rua que nem lume
se faz totalmente sua... a lua...
que alinhava em si, esse lume... prata...
impera... nua... dentro e fora... quimera...
faz de mim, caminheiro...
mesmo em sonho...
invisível pisante... caminheiro errante...
Escudeiro de São Jorge,
Que procura dentro de seu alforge,
um binóculo... Para ver mais próxima,  a branca lua...
Só para tentar cochichar em seus ouvidos,
tudo que ela já está cansada de ouvir...
Dos poetas, dos cantores, dos solitários...
dos saudosistas... e dos
apaixonados:
Que sem perceberem...dormindo,
ou acordados...
Um dia terão que passar,
mesmo que de rasante,
pela rua da lua...
com a mesma emoção,
de um encontro marcado.