O Que Resta

Vejo um espaço em branco e indago:
- O que escrever, o que dizer?!
Me vejo perdida, um tanto ferida
Sem sutura para os desvios da vida
E neste sangrar, dói por descaminhos passar ...
A alegria não encontrar, o pesar do meu eu me sufocar.
Tento não ser pisoteada pelo destino
Que abocanha sem avisar meus sentidos
Deixando a apatia pelo ser dito humano me surpreender.
Mas por vezes tenho que desapegar ...
Cada um oferece o que têm!
E não devemos esperar a tal reciprocidade
Afinal isso está em desuso nos dias atuais
É cada um por si, cada um a olhar seu próprio umbigo ...
Sem questionar se mal ao outro foi fazer.
- Em que mundo estamos a viver?!
Só resta dessa vida a poesia ...
Que abastece os que no coração
Fazem da sua fantasia, a mais doce realidade
Sem cair nos braços fulgazes da ilusão!
Poesia, tu és vida em meu coração.