Ruas que dão nas tuas mãos e nos teus lábios
Recluso em pensamentos, ouvindo o silêncio balbuciar sustenidos e bemóis na sonata da solidão, vago na noite vestida de luar.
Tem ruas que vão dar nas tuas mãos e nos teus lábios.
Das estrelas, acendo teu sorriso no meu olhar.
Das curvas, delineio cada milímetro de teu corpo, na tatuagem de nossos prazeres, tantas vezes sentido.
Sombras vestem rasgos de luzes no meio da escuridão.
E como poema, nas portas fechadas das casas, a saudade
contracena com os acenos de há muito tempo.
No jardim da praça, os bancos exibem o colo nu.
E na concretude parecem dialogar com o tempo, sobre o cansaço das pessoas. Dizem dos amores e das ilusões despetaladas no bem me quer e mal me quer inventado; Um, em cada estação.
Dos canteiros, floresço brisas nos teus cabelos e perfume nos teus seios. Das folhas caídas, o orvalho que brilha na centelha dos sonhos.
Vago pela noite, tal quais os caminhos vagam pelas viagens, sem sair do lugar. E tem ruas que vão dar nas tuas mãos e nos teus lábios.
Desses destinos, tantos prazeres, um dia se fizeram unicamente eternizados.