CÓLERA
Idéia que cresce simpática
Transborda e se derrama
como lava quente
Para dentro da alma
Como um tufão engarrafado
Espera oportuna
Lenta e centrífuga
Viva como espuma
Se adensa, invade
Ganha a superfície da pele
Força cega e desproporcional
Percola meu abismo sem paredes
de memória e recordações
Move-se brutal, inquieta
Não possui certezas,
apenas tristezas
Minha turva consciência centrípeta
Apagada, distante e ausente
Se perde aos pedaços
Em músculos frementes
Esfacelada na tormenta
Vingativa, mesquinha e sedenta
Pelo ódio explode, mata e mutila
Retorna ... Violenta !