E EU NEM SABIA!

E tu, sementinha, desde cedo existias.

Nem te procurei até te achar e te encontrei

sem procurar.

Apareceste sem mais delongas

com largo riso a estampar

teu suave e róseo semblante.

Trazias uma exultação vibrátil, contagiante,

constante, cheia de alegria, alegoria vivaz

e muito exuberante.

E eu não o sabia! Mais te parecias com a relva

pura do campo numa manhã primaveril de

um dia qualquer.

Suave como o hálito leve do vento a soprar

sem direção em todo o tempo.

E mais te parecias com o canto do sabiá,

uma linda flor de maracujá,

o som das ondas em além-mar.

E eu nem sabia que existias. E te ouvi feito

um canoro passarinho a cantar desde seu ninho.

E mais te assemelhavas a uma bela flor,

cheia de perfume e frescor a inundar meu

jardim não tão florido, esquecido.

E mais te parecias um jardim multicor,

de rosas perfumadas, de muito aroma,

muito olor.

Sorriste como o primeiro riso de criança

a me embasbacar ante curioso olhar

num afago ímpar, sem par.

E teu sorriso abriu-me a porta,

como a um paraíso, como a mãe

a cantarolar cantiga de ninar.

E eu nem sabia que existias! E quando o soube

me pus, faceiro, a festejar numa canção,

a fascinar!

Oh! Quanta alegria a espantar nostalgia,

fustigar letargia na caminhada em par.

Mais te parecias uma rosa na lapela,

uma reza na capela, um olhar pela janela,

uma flor de jacarandá.

E eu nem sabia que existias. Agora sei

e posso celebrar teu riso fácil,

o calor do teu abraço,

a te ouvir num leve sussurrar.

José Luciano
Enviado por José Luciano em 10/10/2019
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