E EU NEM SABIA!
E tu, sementinha, desde cedo existias.
Nem te procurei até te achar e te encontrei
sem procurar.
Apareceste sem mais delongas
com largo riso a estampar
teu suave e róseo semblante.
Trazias uma exultação vibrátil, contagiante,
constante, cheia de alegria, alegoria vivaz
e muito exuberante.
E eu não o sabia! Mais te parecias com a relva
pura do campo numa manhã primaveril de
um dia qualquer.
Suave como o hálito leve do vento a soprar
sem direção em todo o tempo.
E mais te parecias com o canto do sabiá,
uma linda flor de maracujá,
o som das ondas em além-mar.
E eu nem sabia que existias. E te ouvi feito
um canoro passarinho a cantar desde seu ninho.
E mais te assemelhavas a uma bela flor,
cheia de perfume e frescor a inundar meu
jardim não tão florido, esquecido.
E mais te parecias um jardim multicor,
de rosas perfumadas, de muito aroma,
muito olor.
Sorriste como o primeiro riso de criança
a me embasbacar ante curioso olhar
num afago ímpar, sem par.
E teu sorriso abriu-me a porta,
como a um paraíso, como a mãe
a cantarolar cantiga de ninar.
E eu nem sabia que existias! E quando o soube
me pus, faceiro, a festejar numa canção,
a fascinar!
Oh! Quanta alegria a espantar nostalgia,
fustigar letargia na caminhada em par.
Mais te parecias uma rosa na lapela,
uma reza na capela, um olhar pela janela,
uma flor de jacarandá.
E eu nem sabia que existias. Agora sei
e posso celebrar teu riso fácil,
o calor do teu abraço,
a te ouvir num leve sussurrar.