RUMO
Onde anda o meu destino?
Parado, agora, à beira da névoa
não sabe o que tem um passo adiante.
Não sabe se abismo...
Não sabe se estrada...
Não sabe se abraço...
Não sabe se vazio...
Onde vai dar essa incerteza?
Se vai dar no nada
porque existir a estrada?
Se cheguei até aqui
porque não seguir, mesmo sem saber de nada?
Se será chão firme, queda no vazio, mergulho na escuridão
ou a inexistência de além vida
como saber sem erguer o pé para o passo
esticar os braços e abrir as mãos para o abraço
sorver o último sopro da matéria e prender o folego
partir com a alma dançando a música do mistério...
E pousar o pensamento
para levar a melhor bagagem quando for a hora:
a paciência das plantas crescendo
a calma dos gatos dormindo sobre si mesmos
a euforia dos passarinhos trazendo a manhã
e a força do afeto que nunca entreguei
carga de outra vida
resguardado, imaculado, só seu
para um outro tempo em que estará comigo.