RUMO

Onde anda o meu destino?

Parado, agora, à beira da névoa

não sabe o que tem um passo adiante.

Não sabe se abismo...

Não sabe se estrada...

Não sabe se abraço...

Não sabe se vazio...

Onde vai dar essa incerteza?

Se vai dar no nada

porque existir a estrada?

Se cheguei até aqui

porque não seguir, mesmo sem saber de nada?

Se será chão firme, queda no vazio, mergulho na escuridão

ou a inexistência de além vida

como saber sem erguer o pé para o passo

esticar os braços e abrir as mãos para o abraço

sorver o último sopro da matéria e prender o folego

partir com a alma dançando a música do mistério...

E pousar o pensamento

para levar a melhor bagagem quando for a hora:

a paciência das plantas crescendo

a calma dos gatos dormindo sobre si mesmos

a euforia dos passarinhos trazendo a manhã

e a força do afeto que nunca entreguei

carga de outra vida

resguardado, imaculado, só seu

para um outro tempo em que estará comigo.

Anna Wurlz
Enviado por Anna Wurlz em 09/10/2019
Reeditado em 09/10/2019
Código do texto: T6765145
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