"A VIAGEM"
"A VIAGEM"
"Passinhos curtos como os de um jacaré
Escoltados por uma parelha de cavalos e um escravo de libré
Partindo de Vitória, à cavalo ou a pé
A estrada é longa, densa e sinuosa
Até chegar em Taubaté...
Frutos de um romance proibido, viajam na carruagem
Dois meninos clarinhos como nuvens
E no azul do céu, às seis da tarde de um dia de verão
E o Sol se pondo ao longe, servindo de testemunha
Seja a sorte, ingrata ou bendita
São inocentes e puros, os dois meninos
Ao parar numa estalagem à beira do caminho
Para refrescarem o dia, com a chegada da noite
Vocês ainda vão me perguntar porque os dois infantes viajam tão sozinhos?
Filhos da terra e do conde
Um segredo, uma moratória, o Destino esconde...
Partindo para vilas distantes
Os dois meninos, alheios à tudo, brincam inocentes no macio estofado...
Mil conjecturas, certamente vocês farão
Pois serão eles de sangues nobres ou filhos de algum varão?
Quem são eles?
Quem são vós?
Mil vozes o dirão
Viajam em incógnita presença
Como a vida inglória, ó quão pura inocência
Os separou do ventre materno de sua dulcíssima mãe
Dulcina era o seu bom nome
Mãe zelosa, porém incapaz
De se casar com o homem, um nobre rapaz
Dá-se à Deus
Dá-se a sorte
Jurou a mãezinha em seu leito de morte
Para um orfanato longínquo e distante, o presumido pai enviou os dois meninos
Selando a trajetória de duas vidas, entregues à própria sorte..."
*A viagem*
By Julio Cesar Mauro
08/10/2019