Sem mentiras
Num mundo sem mentiras, a verdade nos libertaria; mas também machucaria.
Teríamos coragem de assumir nossos erros e egoísmos, nossos medos e covardias.
O não seria sincero e não para evitar mágoas ou decepções.
O sim seria espontâneo, coerente, convicto.
Maus sentimentos ou pensamentos seriam revelados sem a preocupação de como seriam recebidos ou interpretados. Doesse a quem doesse...
Alegrias, felicidade, sorte não seriam vistas como falta de humildade ou demonstrações de falsa modéstia.
O mundo enxergaria suas feridas e nós apontaríamos o dedo na cara dos culpados: eles reconheceriam e aceitariam suas punições.
A esperança de uma vida melhor, a crença em um Deus misericordioso, o sonho de realizar grandes feitos para a humanidade esbarrariam na realidade e na sua dolorosa verdade.
Sem princesas encantadas, animais falantes ou objetos voadores, o mundo do faz-de-conta desapareceria e faria das crianças, adultos pequenos.
E a nossa vida seria melhor do que é agora porque confiaríamos mais nas palavras.
E a nossa vida seria pior do que é agora porque essas palavras arrancariam de nós a invenção, a fantasia e a compaixão.