No meio da rotina, a dor invade e entorpece
Entre e-mails e telefonemas do cotidiano,
a vida prega peças com esmero...
Quando estamos desavisados,
os dardos que ela nos atira
penetram fundo, e ferem...
Dor lancinante!
Tudo ao redor se traveste de escuridão
e os planos de retomar a vida
e cuidar de si com mais carinho
são destruídos pela intensa dor!
Imobilizada, com requintes de nós de shibari,
mas sem a pegada da arte
ou de qualquer proposta que faça sentido
a não ser se sentir minúscula,
insignificante,
despreparada
e impotente...
A angústia segue o caminho dos capilares
para envenenar cada pedaço de si.
Seus efeitos se fazem sentir, imperiosos,
ferindo as certezas e rasgando qualquer alusão à fé e à luz...
Cega
Essa dor, que é sua,
cresce em mim danificando tudo o que é fragilmente belo
e foi construído com paciência e amor...
O que o seu silêncio vem me dizer
é que não consigo...
Minha empatia não penetra essa couraça,
meus esforços nem arranham as paredes dessa prisão
escura
que te prende em pesadelos infindos...
Não há receitas.
Só posso oferecer o meu amor, é o que de mais precioso tenho, para você.
Mas não tem sido suficiente.
Para minha filha, no último dia do setembro amarelo.