"DEVANEIOS"

"Hoje nesta hora calma de mais um dia, onde contemplo a magnitude da paisagem recém acordada pelo sol, mais uma vez penso em ti. Este tem sido meu constante devaneio. Nada explica essa sensação que vem e impele a imaginar teu rosto entre as nuvens, olhando-me e acenando desesperadamente, num chamado que ainda não posso atender. Isso me angustia e ao mesmo tempo alegra.

Penso em ti, sempre a fitar o céu seja nas auroras ou crepúsculos,dias cinzentos ou claros, horas sem fim de solidão n'alma. Esta que se recolhe num casulo, medrosa das suas próprias emoções.

Ao som do "adágio de Albinoni" que preciso tocar, minha mente voa liberta e sonhadora. Estás em cada nota, em cada acorde, em cada pausa dessa música, em que meus dedos acariciando as teclas do piano fazem carícias imaginárias nos teus cabelos, no teu rosto e provocam em ti aquele sorriso lindo e feliz.

Nesse romantismo de sempre, vou tecendo os sonhos loucos de

uma alma solitária e desejosa de liberdade, para poder voar e aninhar-se nos braços de um amor imaginário. Porque se ele existe, não me descobriu ainda, o som da música me fez criá-lo e ansiar nele uma realidade talvez impossível. Agora novamente vou me camuflar com a inexistente felicidade e continuar o caminho de hoje...

Amanhã quem sabe ele virá..."

*Marilda* 01/10/07

Lirismo, apenas texto onde não se confunda nunca o autor e o personagem. Há nas imagens apenas leves nuances do autor.