SEM NOÇÃO

Choveu

E o cheiro de terra molhada

Invadiu minha madrugada,

Me inspirando a escrever...

Um passarinho sem noção

Cismou de chilrear sua canção,

Bem próximo a minha janela...

Embora a cantoria fosse bela,

Atrapalhou-me a inspiração...

Eu ainda quis argumentar,

Dizendo-lhe:

Volta pro ninho, passarinho!

Vai nanar!

O sol nem apareceu...

Não vês que aí fora está um breu?

É noite ainda...

E esta parte do dia é dos poetas.

Passarinho, por favor, te aquieta!

Dá-me uns minutos mais

De silêncio e paz,

Para que eu rabisque meu poema

Sem sons ou fundos musicais...

Mas ele nem ligou,

E ainda chamou seus amigos...

E a passarinhada

Cantou a valer na madrugada,

Antes de o sol nascer...

E eu, calada, tive que aquiescer.

Parei de escrever, me recolhi

Decidi dormir...

Vi que com eles não podia competir.

Depois, eram cinco horas da manhã

E se eu fosse totalmente sã,

Já estaria dormindo há um tempão.

Passarinho tem razão!

A sem noção sou eu...

Ouvindo The Beatles - Blackbird

https://youtu.be/N2-2cn1PdFk