O que não me disseram

E ordenou a mim: Ame!

Meu coração estremeceu diante da tarefa que parecia custar, parecia doer, parecia ser um fardo ultrapassado a carregar.

Quem ama? O amor não é uma atitude inteligente nos dias de hoje, eu soube. Muitos me disseram que o amor desarma, chacoalha, às vezes esbagaça, faz perder a razão, a noção e a convicção.

Que ordem, meus senhores!

Cheguei a me ver condenado, em algum lugar entre a cruz e a espada... Seria minha resistência sendo provada? Melhorei meu ânimo almejando a promoção, a posição superior que alcançaria após a fase árdua.

E fui. Isso é amar.

Saí de onde estava e movi meu ser em direção aos outros seres.

Quem ama? Desses tão raros precisa-se muito mais, não exatamente para curar aos que carecem ser amados, mas para curar a doença da própria indiferença. É o que realmente mata!

Não me disseram que o amor lhe tira o peso da carapaça, da arma, do escudo e da máscara. Eles não sabiam. Nem puderam me dizer que ele transforma, a ação que quebra é a reforma, regenera, faz recomeçar e dá cara nova. É a graça de se misturar, onde a futilidade evapora, doçura que impede a vida de amargar. Por mais bem que se possa estar, com amor, sempre há profunda melhora.

Que ordem, meus senhores!

Se alguém lhe mandar amar, obedeça!

Assim, veja a luz resplandecer e em sua alma crescer, saiba enfim, que você só é você quando amar se deixa.