Flor da partida

Era setembro, seu mês preferido. Nesse ciclo infinito de partidas e chegadas ainda lhe agradava a ideia do florescer. Chovia, nunca dava pra saber se o dia seria ensolarado ou não. Noites chuvosas eram boas pra dormir e dormir era coisa que não fazia há tempos.O mundo era instável, tal qual ela e seu maldito coração. Sua cabeça sempre alertava, mas ela era insistente. Viciada naquele cheiro, naquele abraço, desejava ansiosa pelos beijos que por hora não viriam. Ela gostava do seu sexo, do seu sorriso, gostava da ideia de envelhecer com alguém. Sua cabeça vivia assim, pensamentos a mil. E então ele se foi, num dia de setembro, num dia como outro qualquer de um desses anos que pareceram eternos. Ele já não a desejava, tinha se agarrado ao ego. Nada mais de mãos, cheiros, cafés. Nada mais juntos. E assim, como havia chegado num agosto sombrio, partiu no setembro das flores.

Thaize Calbo THZ
Enviado por Thaize Calbo THZ em 12/09/2019
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