Aconchegante recinto
Presa em um recinto que eu mesma construí, vivo sozinha por opção.
Não entendo o motivo dessa escolha, só sei que acabei me acostumando.
Meus pensamentos e ideias são unidos e dançam com sintonia impecável.
Uma discreta valsa solitária, disfarçada de independência e satisfação.
A cômoda rotina me fez perder a valiosa chave de onde habito.
Agora mesmo querendo escapar, não dependeria somente de mim.
Apenas encontrando um novo escape eu poderia sair desse esconderijo.
Ninguém mais parece ter o elemento necessário para encontrá-la.
Aceitando a aparente sina, concluo que talvez seja melhor assim.
Só não posso negar a súbita curiosidade de vivenciar algo novo.
O improvável é realmente encantador e revela a vontade de vivê-lo.
Apesar de estar adaptada, meus devaneios insistem em me fazer viajar.
Sonho com uma realidade onde sinta prazer fora do aconchegante recinto.
Então minha mente oscila entre aceitação e anseio pelo o que nunca tive.
Desta maneira, tento manter a serenidade e vou vivendo do meu jeito.
Sobrevivendo no cenário em que repousei, mas sem deixar de fantasiar.
Ainda romantizo que um certo alguém conseguirá a chave tão rara.
Aquela contendo o único item suficiente para localizar a saída.
Dessa forma abriria uma porta que foi fechada de maneira brusca.
Por quem não se achava mais capaz de destrancar novamente.