A Exposição

Fiz uma bela e curiosa exposição de arte na qual o tema era EU. Havia quadros, esculturas das mais diversas e amor, muito amor. Me deixei ser guiado pelos meus sentidos enquanto pintava e esculpia. As cores, em alguns momentos, eram sons e em outros eram sentimentos.

Mergulhei em mim e fiz do pouco que encontrei em meu coração um tesouro precioso. Minha obra pequena e estranha não agradou a todos que em sua plenitude deram atenção ao meu esforço de amar.

Pus minha alma em cada traço, tinta, barro, papel, cola e lágrimas para que pudessem sentir-me em cada detalhe. Trouxe meu completo amor à tona e não consegui parar de jorrar, porque amar pede por mais e mais, até que não haja fim.

Alguns choraram junto a mim; outros sorriram e alguns não esboçaram sentimento algum. Enquanto estava sujo de toda a mistura e morria de amor e vergonha por me expor ao mundo pela primeira vez, chorava sem parar.

Entranto, havia e ainda há o uivo da coragem em meu interior e então, já sem respirar de tanto amar, ecoei em cada arte que era tão sinceramente minha, e sem forças me deixei ser levado ao desconhecido. Amar tudo que é vivo e que expressa-se, amar o inconveniente, amar a existência para que então a salva de palmas que pertence somente aos que descobrem o segredo finalmente pudesse ser ouvida.