Sonho de Chuva
Ela bate na janela, me acorda, entra por uma fresta, arrasta todos os meus rascunhos sobre a mesa. Depois da bagunça, sussurra coisas estranhas, me conta dum mundo distante, me traz as novidades daquele lugar em que o sublime é possível. Ainda grogue e sonolento, hesito; sou dúvida, sou descrença, respondo que é tudo um sonho.
Até que um pingo, uma gota da sua insatisfação e ofensa, me acha no caminho.
Já desperto, já crente, fiel convertido e reconvertido, me ponho de pé. Abro a janela por completo: num momento frio e aguardado, somos um.