OUTRAS PRECIOSIDADES (160)
O DESTINO DESCONHECE A LINHA RETA
O destino, a que damos o nome de destino,
como todas as coisas deste mundo, não conhece
a linha reta. O nosso grande engano, devido ao
costume que temos de tudo explicar para trás
em função de um resultado final, portanto,
conhecido, é imaginar o destino como uma flecha
apontada diretamente a um alvo que, por assim
dizer, a estivesse esperando desde o princípio,
se mover. Ora, pelo contrário, o destino hesita
muitíssimo, tem dúvidas, leva tempo a decidir-se.
Tanto assim que antes de converter Rimbaud em
traficante de armas e marfim em África, o obrigou
a ser poeta em Paris.