BURACO NEGRO

Hoje vou me entregar

Deixar a armadura cair

E, num movimento brusco,

Assumir que não estou bem

Que vejam meu corpo pálido e ferido

As olheiras que cintilam ao redor dos meus olhos

Minhas mãos frias que chacoalham num ritmo frenético

Minha expressão soturna como que lutando, como que rendendo-se

Que ouçam minha respiração pesada [ofegante]

Os passos ritmados ora lentos, ora adrenados

A voz fraca de timbre triste

O choro abafado entre os ladrilhos alinhados do banheiro

Que sintam

Sintam meu medo

Sintam minha dor

O desespero arrombando minha porta

A ansiedade que puxa meu pé às 3 da madrugada

Deixe-os sentir minha carne fraca, flácida, fétida, fosca

Que eu exploda cada átomo da perfeição que eu mesma construí em torno dos olhos de todos aqueles que agora me encaram aterrorizados

E percebem que eu quando a tristeza te tira para dançar, ignorar seu pedido é explosão

E hoje eu sou

B

U

R

A

C

O

N

E

G

R

O

Isabela Maria
Enviado por Isabela Maria em 28/08/2019
Código do texto: T6731599
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