Claritia

Já dizia o homem curioso: que luz é aquela?

É Clara, Clarissa, Clarice.

Ninguém contestaria, aquela cadeira de balanço era dela, mas há pouco tempo ficou vazia. Vazia e cheia das recordações que a filha dançarina, um dia chega e abraça. Clara, Clarissa, Clarice que via televisão.

Mais uma vez adormeceu vendo tv mãe? Tudo bem, descansa então.

O andar sorrateiro pela casa, aquela voz fraca e tão debilitada, talvez tenha sido o efeito da soda cáustica.

E tanto momento se passou, tanta coisa podia levar e não levou. É porque Dona Clarisse tinha que ver a filha tão amada enchê-la de orgulho. Entrou pra faculdade, vai fazer odontologia, a mãe não disse nada, mas o coração nela sempre acreditava e agora se amedrontava porque não estaria ali para vê-la formada… Mas afinal, a mão dela na sua em todas aquelas lutas era o que mais contava.

Clara, Clarissa, Clarice, luz.

Do latim Claritia, dona Clarisse iluminou, como o próprio significado de seu nome diz. E nessa semana tão chuvosa, o céu se preparava para receber a maior das estrelas que suas filhas aqui da terra poderiam ver.

Dona Clarice, guerreira de muita luz, tuas filhas te amaram desde o dia em que você fez delas a SUA própria luz.

— Depois que ela se foi.