As máscaras do tempo
O tempo não cura todas as coisas! Esquecer-se de algo que passou não é superá-lo, não é perdoá-lo nem conformar-se. Diga a alguém que perdeu um concurso público que haverão outros nos próximos anos. Dê você mesmo(a) a notícia de que o câncer se espalhou e lhe ofereça um falso motivo para sorrir. Diga ao amor que se encerra que o fim fazia parte de um plano maior. Diga a uma mãe que acaba de perder o seu filho que ficará tudo bem, mesmo sabendo que não ficará.
Você pode até perder a memória ou não perdê-la e proteger-se, contando mentiras para si mesmo(a). O que é dor sempre será dorido e o sofrimento humano sempre será inegável. Quantas cicatrizes a vida já lhe deu?
Ah! Se soubessem o quanto a eternidade é cruel não iriam desejá-la tanto - nem por força de expressão ou romantismo. Apenas a morte valoriza o tempo e que não valoriza ninguém . Ou um não existe sem o outro, ou, talvez , apenas o tempo não exista e seja esta ilusão teimosamente persistente de que tanto falava Albert Einstein.
O valor das coisas não está no fato de que um dia elas acabam, mas no fato de que elas existem. Engano é acreditar que a morte o faça deixar de existir, pois a maioria das coisas que vivem nunca foram e poucas são as pessoas que vivem, porque sabem ser e expressar a si mesmas.
Quer saber, realmente, por que coisas ruins acontecem com pessoas boas? Porque elas simplesmente acontecem com todas as pessoas, as ruins também sofrem e, provavelmente, porque sofrem são ruins.
O tempo condenou todos nós aos instantes incontroláveis e lhes atribuiu o caro preço de nossas escolhas e de suas consequências numa regra justa que comporta apenas a exceção de um Deus.
Não quero com isso aborrecer aqueles que me leem. Contudo, não alimento as ilusões e toda esta frustração que a esperança nos oferece e que o destino nos toma, implacável! O tempo tem as suas virtudes, porém, não graças a ele, mas a humanidade em que, apesar de tudo e com grande sacrifício, eu ainda acredito!