Jamais desapareça

Às vezes não nos soa familiar o valor, às vezes derrotamos a nós mesmos a não olharmos em todas as direções possíveis. Mas está tudo bem, às vezes nos esquecemos de quem somos, é um instinto natural que nos aleija de sobrevivência. Passando despercebidas as palavras de salvação a serem repreendidas pelo medo de oblívio. Mas os passos sempre reencontrarão o caminho até o amanhã, mesmo que inalcançável e impossível sejam os meios de vivê-lo.

Em vigília de suas tentativas de equilíbrio, poderia dizer-lhe as milhares de vezes em que a queda fora o mais provável dos resultados, mas sua intuição desafiou e venceu os conceitos de todas as leis da gravidade sem que houvesse relatos ou testemunhas deste feito. Vamos lá, surpreenda-me novamente como uma plateia que assistira aos arcos de sua tragédia, corteja-me a ver que tudo fora construído e dilacerado a um final feliz, cale a minha boca e arranque-me horas de estrondosos aplausos ao prosseguir de seu canto do cisne ecoando eternamente no epílogo.

Pois sempre que você retornar à segurança e proteção de seu lar, permitirei nunca que não sinta que pertença em cada segundo de presença. Irei encontrar as maneiras certas, entre incontáveis alternativas erradas, de fazer-te recordar corretamente que a ausência de somente uma estrela pode mudar o funcionamento do universo inteiro. Escolherei as cores certas para pintar as paredes de seu quarto, abrirei a janela, e darei moção ao seu recém-criado arco-íris sem que tenha de sair do conforto de sua cama para vê-lo de perto.

Se baixar a guarda de sua intensão de brilho, as faíscas que cintilam da fonte de ti irão fazer-me deparar com o escuro. Jamais se apague ou permita que lhe apaguem. Se negar a sua imagem dos seus próprios sonhos, a realidade lhe desvanecerá como apenas um nome e rosto lembrados por razões desconhecidas. Jamais desapareça se ainda dano o meu presente a fantasiar um futuro com as marcas de sua existência. Se quiser, podemos achar um lugar deserto para enterrar o passado, uma fuga improvisada e provisória de todas as consequências persecutórias. Porque cresce em mim a convicção de que há uma prosperidade que não poderemos realizar a não ser que compartilhemos cada segundo em que a vivemos juntos.