Sinto 10
Há uma fenda aberta em mim, na altura do coração; revelando um indizível todo penetrante, corrompendo os sentimentos embatumados, certezas e as incertezas, angústias, loucuras e ignorâncias, que viviam puras e imaculadas. Hoje, apesar de existirem no velho trabalho, estão estragadas, vivem borbulhando em meio a um degustar de divino no interior.
Eram, eu e o mundo, perfeitamente integrados no espetáculo sinistro que sempre aconteceu.
Com este "vazar" , que dei nome de indizível bastar insubordinado, sem face, cheiro, gosto, som e tato; abastece meu sentir de eterno.
Aquietou a indignação, o absurdo que a lógica levou o ser, ao fato de que a vida terrena é uma tremenda ironia.
Este Indizível, com característica de síntese, domínador da realidade, acompanha-me como luz e sombra, velando meu existir com espera, parcimônia e amor.
Danificou aquela coisa pronta do CPF e RG que apresentava ser eu, esteril da expectativa, de felicidade plena neste mundo, desigual, injusto, nefasto, medonho, impróprio para a realização do bem, da fraternidade, do amor incondicional.
O Sagrado, Onipresente, Onisciente e Onipotente, visita a minha casa. É a matéria prima da lâmpada e da luz que ilumina dia a dia meu entendimento para filtrar a realidade.
Conduz o pensar, como arrebanhando ovelhas, ao fato de que esta que fala, que pensa, que ouve, que come , que vê , que interage pelo corpo físico com o mundo, tem origem Nele, Dele e por Ele. O Ser incorruptível, O Sagrado, que a tem, a move, que dá e tira.
A angústia, a aflição, os sentimentos inferiores da mente limitada do ego, até que manifestam-se na tentativa de retomar domínio na casa.
Contudo, o enamorar com o Sagrado tem rendido o hábito de buscar e encontrar frequência com Ele, quando o tumulto e a confusão provocados pelos agentes da terceira divisão, mente egoica, estão em alta.
Até que no silêncio, naquele estado puro e incondicionado de estar, o sentimento sublime emerge.
Aparece instantaneamente, como amigo antigo que chega em casa de surpresa. E fica.