Morte Lenta
Não é o não que nos mata, é o talvez, é a dúvida com a qual ele nos golpeia que acaba com a gente lentamente. É essa coisa indefinida e sem pressa que se localiza entre o sim e o não que nos tortura com requintes de crueldade, que nos faz mergulhar no desespero do que poderia ter sido, do que perdemos sem jamais ter dito, no silêncio angustiante do quase. É nesse solo de areia movediça que vemos as horas escorrerem entre os nossos dedos e mergulharem na eternidade de um tempo sem rosto, sem história e sem memória. É nele que as oportunidades nos escapam, que as possibilidades se perdem, que a fé enfraquece e o coração agoniza agarrado ao medo de nunca chegar do outro lado do não. (Edna Frigato)