JARDINS

Manhã de inverno

Céu indeciso entre cinza e azul

Gotículas d'água borrifadas na inconstância de leve brisa

Acariciava flores e corpos sem distinção

Em plano jardim, onde o belo perdia-se ao olhar

Em despretensiosa contemplação

Dialoguei com a narcísica beleza de imensas palmeiras

Tomadas da pretensão de tocar o infinito

Perdiam-se...

O silêncio imperioso afasta-se em respeitosa vênia

A interpretação de uma bela canção faz-se ouvir

Voz potente e harmoniosa versa o amor

Saudoso ancião,pássaro solitário

Trinado triste,olhar marejado

Sentado em cadeira de rodas

Mãos entrelaçadas como em prece

Homenageia em refrão a dor da perda

Em memória beija a sua eterna amada

Nós lábios o esboço de um sorriso

Erigido em fé pétrea, vislumbra sorridente esperança

Que o fruto do seu último suspiro

Lhe trará o enlace da mão de sua amada

E por um jardim sem fim...

Seguirão afinados em eterno cântico de amor.

HASCHEM
Enviado por HASCHEM em 08/08/2019
Reeditado em 08/08/2019
Código do texto: T6715819
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