JARDINS
Manhã de inverno
Céu indeciso entre cinza e azul
Gotículas d'água borrifadas na inconstância de leve brisa
Acariciava flores e corpos sem distinção
Em plano jardim, onde o belo perdia-se ao olhar
Em despretensiosa contemplação
Dialoguei com a narcísica beleza de imensas palmeiras
Tomadas da pretensão de tocar o infinito
Perdiam-se...
O silêncio imperioso afasta-se em respeitosa vênia
A interpretação de uma bela canção faz-se ouvir
Voz potente e harmoniosa versa o amor
Saudoso ancião,pássaro solitário
Trinado triste,olhar marejado
Sentado em cadeira de rodas
Mãos entrelaçadas como em prece
Homenageia em refrão a dor da perda
Em memória beija a sua eterna amada
Nós lábios o esboço de um sorriso
Erigido em fé pétrea, vislumbra sorridente esperança
Que o fruto do seu último suspiro
Lhe trará o enlace da mão de sua amada
E por um jardim sem fim...
Seguirão afinados em eterno cântico de amor.