Nossa Palavra

Quando só há palavras é comum dizer que não há quase nada, fato: de certa forma, palavras são apenas registros e estes ou se perdem ou se tornam inúteis. Podem ter seu sentido alterado com o tempo, transmutarem no contexto em que se situam, deixarem de traduzir nossos pensamentos...

Serão lâminas certeiras a cortar a carne ou apenas fadas passageiras que se irão de nós como bailarinas livres a dançar no vento...

A tua palavra é o registro de que?

Das tuas impressões, dos teus sonhos, das tuas amarguras, dos teus sentimentos e emoções?

Minhas palavras registram as minhas, as tuas lágrimas ou sorrisos, ora moram no reino das tempestades, ora no mais secreto dos paraísos. Registram meus desejos com volúpia, as sombras mais pavorosas que em mim habitam, meus fantasmas e meus medos e saltam da minha boca ou da ponta dos meus dedos por vontade própria em um balé nem sempre perfeito e com um ritmo ligeiramente impreciso.

O que omito e que não digo, me ofusca, me sufoca... me devora!

O que falo me liberta, me enobrece e por vezes te apavora.

Cale a palavra que fere a ti mesmo e permita que o silêncio te conforte e aqueça.

Guarde as palavras que ternamente dediquei a ti na memória, não precisamos chorar ou sorrir agora.

Só precisamos saber, que quando as palavras já não nos bastam, é chegada a hora de irmos embora.

Renata Vasconcelos
Enviado por Renata Vasconcelos em 08/08/2019
Reeditado em 11/08/2019
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