ABRIGANDO O INIMIGO EM SUA CASA
Serias tu nest'hora, em que a miséria desce, pois ao seu âmago?
Do mal a gargalhar ante a tristeza a lhe oprimir!
Ó Vida, em nome da maior piedade, arranca-me de tal prisão!
Eis que lhe imploro
Ao que trago em minha abstrata carne, e tão convulsa, os açoites de meus flagelos
Pelo que me cansei d'esperar, por minh'ânsia... pela própria Esperança
E destarte, algemado m'encontro nest'amargura
Vede, portanto, minha pior desventura!
E assim, o que a Vida então me diz?
Quem sabe:
Enquanto se recordar a ofensa, oh, quanta tortura!
Decerto se lembrará do ofensor a qu'então lhe o feriu
E assim, ei-lo a te machucar novamente
(mesmo à distância de ti)
E por quê?
Porque o abrigas, embora a contragosto, sempre em tu'alma
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02 de agosto de 2019