Desolado

Estou constantemente esbarrando comigo mesmo, vindo na contramão;

Em uma estrada de terra empoeirada, sujo e cansado, sinto as impurezas grudarem em minha pele sem que eu me importe;

Com suor na testa e olhos cansados, me arrasto pelos lençóis do tempo pressionado às causalidades;

Todo o perigo passa ao meu lado, como se estivesse no meio de uma rodovia;

A brisa me acaricia e me alivia dos pesos que carreguei por milhas;

O sol me castiga pelos rastros de morte deixados como pegadas;

A sombra foge aos meus olhos e ao longe apenas árvores secas;

Permaneço acordado, relembrando as mentiras que um dia tomei como verdade;

Permaneço alerta para os prazeres e estilhaços deixados por mim;

Corro em círculos nesse deserto congelado.

~ELE