Meio

Um humano o tem nas mãos e o seu toque lhe gera resposta tão programada quanto se espera, nada orgânico. O que atravessa o vidro é frio, um pedaço de um vazio desconhecido, probabilidade pouco provada, presume-se. Chega a confundir o ofuscar das luzes que brilham na superfície em tons de azul, como se a mão que dá vida não assinasse seus comandos.

A companhia solitária do mundo, o apoio negado de quem queria, a força fraca de quem se esconde, o paliativo que alivia.

Une o mundo pelas entranhas, os gostos e gestos conferem a metal e plástico sabor inédito de um prato predileto tão familiar que se prova só. Mescla-se o conteúdo energético e vibra por pura função, busca em si a realização que o aguarda, cumpre à risca o que traceja a humana mão.

O foco no obstáculo quase imperceptível, a redoma inteligente que abriga a metade do meio ser visível, olhos perdidos nos olhos de vidro, tecnológica ilusão.