Patologia Amorosa {em progresso}
I
O amor é contagioso. E emburrece.
É patologia, é virus,
é distúrbio cerebral.
Arranjem algo que justifique,
arranjem explicação.
Eu tô há mais de seis meses com
Ele na cama,
pedindo pra me curar,
esquecendo que ele é
quem me contamina.
Talvez seja porque eu quero uma vacina,
quero um amor morto,
injetado na veia,
anticorpos reconhecendo,
armando defesas ao cadáver,
aprendendo a se defender do amor
vivo.
Mas vacina nesse caso não funciona.
Quantas vezes eu injetei amores já mortos?
Afundei a cara de amores inúteis,
pra não amar mais?
E eu agora estou aqui,
imobilizada por esperanças tolas,
dopada pelo seu sorriso.
II
O amor é arritimia cardiaca.
Meu coração acelera a mil e depois pára em questão de segundos.
O amor é produção alta de cerotomina.
O prazer na mais alta escala, mais chocolate do que Páscoa.
O amor é descontrole estomacal.
Frio na barriga, remexe estômago, enjoô.
O amor é aflição da derme.
A pele arrepia, treme, aquece e esfria.
O amor é problema no paladar.
Boca com outra boca, saliva estrangeira, invadindo a lingua, invertendo sabores.
O amor é debilidade mental.
Ligar atrás, falar que nem um bebê (ou um emo), esquecer compromissos.
Repentinos sumiços.
O amor é descontrole lacrimal.
Criam-se mares no quarto por causa de só um peixe.
O mar é vasto, você deixa mais vasto ainda .
O amor é uma suruba de sentidos,
o amor é uma loucura de poucos.
O amor é o problema de muitos
E salvação de outros.
II
O amor é uma doença séria.
O amor é você.
Amor é eutanásia.
Me mata de amor,
Me mata de amor.
Amor, me mata.
Me mata.
III
Com dor, por favor.
Fazia tempo que eu não sentia algo tão forte,
fazia tempo e agora eu tive sorte.
Eu não queria morrer sem antes sentir
toda a intensidade
que eu for capaz de suportar
IV
Quero ir ao Céu
e quero voltar
Não foi Cristo também
que morreu de amar?