Nunca mais deserto...
Ele chegou, no momento da vida em que ela era só deserto. Em sua sequidão, ela pensava: não germinaria mais qualquer sentimento - fosse ele, ódio ou amor. A vida mostrara a ela, deveria ter foco, adubar a mente e estocar apenas sementes de conhecimento. Só assim, poderia viajar e ampliar horizontes - antigo sonho adormecido entre as dores do ontem. Somente ela sabia, o quanto era difícil suportar uma vida vazia de esperança.
Ele era diferente... De início não despertou confiança - outra semente rara para ela que só conhecera cactos, porém, com seu jeito de desbravar sertões, ele arrancou-lhe espinhos e com alguns poucos arranhões, conseguiu plantar uma. Era frágil, mas ele, era experiente e fê-la fortalecer. Assim como fez o deserto dela florescer novamente.
E o deserto ganhou vida, sentia-se fértil, linda, repleta de sonhos e planos. Sentiu mais do que jamais sentira, por ele mudou todo o rumo da vida...
A vida seguia, nem tudo eram flores - nada para ela era fácil, sabia... Ele era forjado a ferro, conhecia mais da vida, mais do que ela teria sonhado ou conhecia... Criado para ser macho dominante, sem no entanto conhecer, o que é verdadeiramente ser amado. Ambos, sem entender como, aos poucos, foram mudados e o amor floresceu em seu encanto.
Trocaram conhecimentos, ele a ensinou sobre a terra, serras, mar. Disso, sabia tanto… Ela o ensinou o sentido da vida, contidos na simplicidade, na caridade, queria que ele fosse mais humano. Queria, mas ele, nem tanto…
A vida oferece coisas, que nem sempre acontece… E de deserto, ela, virou pranto... Não havia sintonia nos desejos dele e dela, ela precisava do chão, ele voar...
Ela, sofrida, o mandou para outro canto. Ele obedeceu. Mas, para ela, a experiência valeu, deu certo: ela jurou a si - nunca mais seria deserto... Nem pranto...